Pequenas reflexões sobre encontros

Pequenas reflexões sobre encontros

Talvez nada seja mais interessante que o encontro. Nesse ato percebemos diversas emoções. 
No momento do encontro é possível, aos olhos atentos, perceberem o que se passa entre os encontrantes. 
Há encontros felizes e infelizes, agradáveis e desagradáveis, mas sempre há o encontro, seja físico ou de alma. Felizes os que tem encontros de alma, o encontro com aqueles que nos entendem e olham com amor as nossas limitações.Seja essa pessoa um grande amor, uma amiga ou amigo, o pai, a mãe, quem quer que seja. 
Não surpreendentemente percebemos na tradição judaico-cristã, Deus como aquele que vai ao encontro e tem sempre a iniciativa para que esse encontro aconteça. Ele quem procura Adão, vai ao encontro de Abraão, Moisés, Salomão, Isaías, dos judeus, dos discípulos e ao nosso encontro através de Jesus Cristo. 
Interessante perceber o relato bíblico como histórias de encontro entre Deus e os homens. Jesus talvez seja o maior exemplo dessa perspectiva do encontro. Ao encontrar conosco propõe um encontro de alma, encontro de quem está disposto a se mostrar e se abrir ao outro, não importando o quão miserável é aquele com quem se encontra. Deseja, somente, a amizade sincera, a doação em prol do outro e a entrega que toda verdadeira amizade e todo verdadeiro amor pressupõe.
Talvez o motivo de Jesus ser tão admirado e pouco seguido em seu exemplo seja isso: o fato da imensa dificuldade que temos de promover encontros sinceros e que queiram se abrir para o outro que vem até mim, bem como minha iniciativa de ir até o outro. 
Em um mundo que se desconfia da própria sombra e onde ninguém traz estrelas na testa não é de se admirar que sejamos assim. Em um mundo guiado pelo capital e tendo isso tão arraigado em nós não é de se admirar que se doar e aceitar doação do outro sejam tarefas tão árduas, até mesmo para nós cristãos, os “pequenos cristos” como chamados pela primeira vez em Antioquia. 
Contudo, o Pai continua a vir ao nosso encontro, dando o exemplo e esperando que nos encontremos com Ele pelo caminho, seja através de uma amigo, de um mendigo, de um ladrão, de um faminto. 
Ele sempre vem ao nosso encontro e deseja que nosso olhos não estejam cegados a ponto de passarmos sempre por Ele e reclamarmos de nunca o encontrarmos pelo caminho. 
Ele vem ao nosso encontro e por isso podemos ir e receber o encontro Dele, onde quer que Ele se apresente a nós. João foi um dos que compreenderam esse princípio ao dizer que O amamos porque Ele nos amou primeiro. 
Somente assim é possível se abrir ao próximo, ao que chega ao meu encontro e é pela dinâmica do encontro e do amor experimentado por aqueles que cruzam conosco, que o mundo reconhecerá que somos discípulos de Jesus.
Pensemos

Fabrício Veliq
29.04.2014 – 17:36

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