Certa vez conheci um poeta

Certa vez conheci um poeta

 
Em um dia desses, conversava com um jardineiro. Dentre suas diversas histórias, a que mais me chamou a atenção foi sobre o ter se tornado poeta. Eis o que me disse:
“Certa vez, conheci um poeta. Soube que era sem me falar nada. Bastou ler e perceber que eu estava em suas linhas.
Depois de ler suas linhas, quis também ser poeta. Decidi começar a escrever versos e rimas. Ao escrevê-los notei uma métrica impecável, rimas consistentes e palavras que quase não se repetiam. Assim, linhas e mais linhas escrevi.
Os que liam elogiavam o texto e gostavam daquilo que estava escrito dizendo que eu sabia combinar bem as palavras dentro dos versos trazendo uma grande harmonia ao conjunto da obra.  Porém, algo faltava.
Vários anos depois foi quando percebi que o poeta fala de si e não dos versos, fala da sua alma e não das rimas. Ao falar de si, fala de todos que o lerão, revelando em seus versos a vida de vários. 
A partir daquele ano, passei a me preocupar menos com a métrica e com as rimas. Passado algum tempo percebi que poesia surge no silêncio, no olhar para si tentando exprimir o que palavras ordinárias não conseguem.
A partir desses dois aprendizados, alguns poemas ficaram sem métrica, outros com rimas quase inexistentes; alguns com apenas duas linhas, outros com 5 palavras simplesmente.
Mas esses novos poemas a alguns fizeram chorar, a outros repensar, a uns refletirem e a outros, como em espelho, se verem.
Subitamente, percebi que havia me tornado poeta.”
Fabrício Veliq
04.11.12 – 16:44
 
 

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