Defender a democracia é algo importante

Defender a democracia é algo importante

Foto: Urna Eletrônica. Acervo: TSE


Vivemos em tempos complicados em diversas áreas da vida. Acredito que qualquer pessoa não tomará tal frase como um absurdo se considerarmos o que tem acontecido com o mundo nos últimos dois anos.

A COVID-19, que trouxe grande desgraça para várias famílias, mudou a forma das relações de trabalho, obrigando diversas pessoas a trabalharem em modelo remoto, de maneira que, atualmente, várias dessas pessoas que experimentaram essa modalidade de trabalho não desejam voltar ao presencial, considerando os diversos confortos que trabalhar remotamente traz.

Quando vamos para as questões climáticas também não estamos em bons lençóis. A temperatura mundial cresce a cada ano. Recentemente, no Reino Unido se atingiu a maior temperatura de sua história, com termômetros ultrapassando a casa dos 40º Celsius, dando mais indícios de que aquilo que tem sido alertado por diversos cientistas ao longo de vários anos está cada vez mais próximo.

Quando olhamos para o nosso país, além de todas essas questões em nível mundial, entramos agora em ano eleitoral. A polarização existente tende a se exacerbar e as diversas fake News, tão utilizadas nas campanhas de 2018, tendem a ser, novamente, utilizadas no intuito de gerar medo nas pessoas e fazê-las preferir a forma como estamos.

Nesses cenários se manifestam os diversos negacionismos, sejam aqueles que se se mostram explicitamente, sejam aqueles que se revelam pela indiferença quanto à alguma questão, o que, no caso específico do aquecimento global, deixa a humanidade em grandes riscos de extinção.

Geralmente, pessoas negacionistas querem anunciar algo que “ninguém percebeu ainda” e que, portanto, “a população mundial tem sido enganada”, menos aquele ou aquela que descobriu, em suas pesquisas, “a verdade por trás de tudo”.

Que o negacionismo seja algo perigoso parece ser de comum acordo entre pessoas sensatas. Contudo, um desses negacionismos que muitas vezes não é percebido, estando de alguma maneira arraigado em diversas sociedades contemporâneas, é a negação da política. Aquela velha ideia de colocar todas as pessoas que participam da vida pública no mesmo bojo, com frases do tipo: “são tudo areia do mesmo saco”, “estão lá só para se aproveitar do governo”, dentre tantas outras que, possivelmente, já ouvimos no nosso cotidiano.

Que haja pessoas que estejam lá com esse intuito, não temos dúvida e seríamos ingênuos de acreditar que todas as pessoas que se candidatam para cargos eletivos o fazem por amor à res pública. Contudo, negar a política é justamente contribuir para que mais pessoas desse tipo estejam nas esferas decisórias.

Envolver-se politicamente, em uma sociedade democrática é dever e responsabilidade do cidadão. Afinal, é pelo voto que se trocam os partidos de poder e de oposição, é pelo voto que se elegem pessoas comprometidas com a causa da população, com a causa do pobre, com a causa da busca pela justiça.

Negar a política é um ato perigoso e pode ser um ato de suicídio coletivo de um país, uma vez que se permite que aqueles e aquelas que estão no poder, causando o mal, lá permaneçam.

Mais do que nunca é necessário defender a democracia, e fazer uso dela para renovação política dos cenários estaduais e nacionais, principalmente num momento em que o líder máximo do Executivo tem discursos contrários a ela.

Ainda que nossa democracia seja muito incipiente e com vários problemas, ainda é a melhor opção que temos até agora, afinal, como nos dizia Noberto Bobbio, “A má democracia é sempre preferível a uma boa ditadura”[1].

[1] BOBBIO, Noberto. O futuro da democracia. 10ª ed. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 2000, p. 87.

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