Uma nova página em branco no nosso livro da vida

Uma nova página em branco no nosso livro da vida

Talvez seja comum pensarmos todo início de ano como um novo início em nossas vidas. Pensar que o ano será diferente, que coisas novas acontecerão, que alcançaremos os objetivos que traçamos no início da nova jornada são sempre motivadoras e torna a entrada do novo ano algo a ser comemorado e, ao mesmo tempo, esperado. Afinal, é a partir de janeiro que começam as dietas, os estudos, a nova postura de vida, os novos compromissos e tantos outras coisas que, se fôssemos listar, encheríamos páginas e páginas.
Da minha parte, gosto de pensar o novo ano como uma página em branco dentro de um livro que está sendo escrito. Por que digo isso? Porque, a meu ver, pensar somente o ano novo como um novo início nos leva a um ideal, muitas vezes, utópico de que, independente do que aconteceu no ano que passou, o novo início será totalmente diferente daquilo que foi até o dia 31 de dezembro e sabemos que isso não é verdade.
Ao considerar como somente uma página em branco em um livro que tem sido escrito ao longo do tempo, abrimos a possibilidade de darmos novos rumos às nossas vidas sem esquecer daquilo que construímos e sofremos até a chegada de uma nova etapa. Isso nos leva, a meu ver, a metas e planos mais realistas e a possibilidade de nos frustramos se torna muito menor.
Ao mesmo tempo que essa página faz parte do livro, ela também é uma nova página da história que nós, como autores, temos a oportunidade de direcionar de diversas maneiras.
Da mesma forma que aprendemos a viver vivendo, também aprendemos a escrever escrevendo e, ao contrário de usarmos esse lema que sabemos e ouvimos constantemente de uma maneira indiferente, podemos e devemos usar esse lema tendo em mente sua possibilidade inovadora.
Assim, podemos nos perguntar: Será que precisamos escrever no mesmo estilo que escrevemos a página anterior do nosso livro? Haveria alguma forma diferente de dizer essa história que estou contando? Não seria a hora, talvez, de entrar mais um ambiente ou mais uma personagem na história a fim de que ela fique mais bela e mais agradável para mim?
Ao nos assumirmos como autores de nossa história e construtores de nosso futuro, passamos a ver o mundo não somente como algo fatalista ou como algo que não tem como ser mudado, mas passamos a considerar as diversas possibilidades que chegam até nós e tomamos o cuidado para não deixar que as dificuldades prevaleçam como dificuldade, antes, lutamos para que essas se transformem em oportunidades para crescimento e amadurecimento na trama de nossa história.
Pensar o novo ano que se inicia como uma página em branco nos ajuda a ver que o nosso passado não determina o final da nossa história. Ainda que aquilo que escrevemos nas páginas anteriores possam fazer com que nossa história tenha um caminho mais longo para chegar onde queremos, está sempre diante de nós a possibilidade de colocar um ponto final na frase e iniciar uma nova sentença.
Diante disso, nesse primeiro texto do ano, gostaria que refletíssemos qual a história que queremos escrever esse ano. Seria continuar aquela que já começamos há algum tempo e temos achado interessante, seria colocar um ponto final e começar um novo parágrafo, ou seria iniciar um novo capítulo?
A página em branco se torna assim um convite às novas palavras, aos novos estilos e aos novos personagens.  Com isso, o nosso livro da vida, ao contrário de ser pensado como algo sem solução e que deve ser encerrado, pode ser pensado como algo que pode ser totalmente transformado e se tornar uma das melhores histórias que o mundo já conheceu. Se não todo mundo, pelo menos aqueles e aquelas que amamos e nos sejam próximos.
Diante disso, recomecemos a escrever.

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