A verdade está muito distante. Quem poderá alcançá-la?

A verdade está muito distante. Quem poderá alcançá-la?

Diversas vezes leio discursos sobre pretensões de verdades absolutas. Hoje mesmo li um em um site de um amigo e que me motivou a escrever esse texto.
O discurso acerca de uma verdade absoluta não é algo muito difícil de se ver, afinal todos querem, de alguma forma, puxar a sardinha para seu lado e faz parte da fala de quase todos ser sempre melhor está do lado da verdade a estar do lado da mentira, estar do lado do verdadeiro do que do lado do falso.
A pretensão da verdade absoluta é sempre uma tentação. Afinal, se se tem a verdade do seu lado, o outro passa a ser somente um alguém que necessita ser convertido ou convencido de que está no caminho errado e deve aprender o verdadeiro caminho para poder adentrar em uma vida com maior sentido e alcançar o grande prêmio para aqueles que agem corretamente.
Para a maioria dos cristãos o discurso da verdade é algo marcante. Para ancorar esse discurso citam indiscriminadamente o versículo de João 14:6, onde está escrito: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida… A partir daí é possível dizer que se conhece a verdade e que Jesus é a verdade e tantos outros discursos nos diversos evangelismos que fizemos e vários de nós ainda fazemos
No entanto, penso que esse salto é muito complicado. A meu ver, dizer que Jesus é a verdade não resolve o problema da verdade, uma vez que falamos de uma pessoa e toda pessoa traz em si um mistério e uma completeza que é impossível de ser alcançada em sua inteireza e, dessa forma, penso que a fala de Jesus deve ser absorvida mais em seu discurso parabólico do que em seu discurso concreto e de absolutização.
O discurso das ciências também não se distancia muito disso. A única diferença é que se baseia em um sistema consistente e que consegue demonstrar logicamente as diversas consequências de seus axiomas. No entanto, a pretensão de explicação e de dar o caminho certo ao mundo continua o mesmo.
Se quiser, faça o teste substituindo Jesus e Pai no versículo de João 14:6 para Ciência e Conhecimento Absoluto e teremos talvez o discurso de muitos em nossos dias.
O concreto nos traz certezas e as certezas nos dão garantias com relação ao porvir, com relação aos resultados o que, para a maioria de nós, é uma grande tentação. Quem não quer ter certeza de suas ações e de seus atos meritórios? Quem não quer ter certeza de que Deus está satisfeito com ele, ou que as forças do
Universo lhe são favoráveis dada sua conduta, ou que os mistérios do universo podem ser explicados por algum algoritmo ou matemática pura?
Não seria isso o motivo pelo qual, muitas vezes, apenas mudamos qual a base de nossas garantias? Ora Deus, ora a ciência, ora as forças espirituais e tantas outras bases que poderíamos nos ancorar, a fim de termos onde nos apoiarmos frente a tudo que nos sobrevém?
Penso ser essa a grande questão por trás de assertivas tão arraigadas nas pretensões de verdade: a dificuldade de lidar com as incertezas e as dúvidas.
Viver longe dos dualismos de verdade e mentira, de falso e verdadeiro, de preto ou branco tende a ser muito difícil e desafiador. E, não dificilmente, caímos ou em relativismos ou em absolutizações, que, a meu ver, não passam de duas faces de uma mesma moeda.
No entato, o autor de Eclesiastes 7:24, versículo que é o título desse texto, nos questiona justamente nesse ponto.
Acredito ser sábio de nossa parte ouvir sua voz que ecoa ainda hoje.
Pensemos
Fabrício Veliq
08.04.2015 – 12:07

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