o que você quer ser quando crescer?

o que você quer ser quando crescer?

O que você quer ser quando crescer? Ouvimos, constantemente, essa pergunta quando somos crianças.

Elas vem, praticamente, de todos que vivem ao nosso redor: nossos pais, avós, professores na escolinha, até dos coleguinhas de sala. Sempre ouvimos e temos a resposta na ponta da língua. Lembro que, quando eu era pequeno, queria ser motorista de ônibus. Minha mãe nunca foi muito fã dessa ideia e hoje percebo o porquê. Falava também que queria ser jogador de futebol, astronauta, jogador de basquete, participar dos X Games (competição de esportes radicais), e tantas outras coisas.

De toda forma, sempre tivemos que responder a essa simples pergunta. Quanto mais novos éramos, mais respostas tendíamos a ter para essa questão e era sempre um drama escolher a mais legal. Afinal, não poderia ser tudo isso? O que me impediria de ser um jogador de futebol famoso e um excelente ciclista radical, ou ser motorista de ônibus de segunda a sexta e jogar nas ligas profissionais no sábado e domingo?

Porém, à medida que crescemos alguns interesses mudam, outros fatos acontecem, outras pessoas entram em nossas vidas, percebemos que não tem como fazer tudo que gostaríamos de fazer e, curiosamente, essa pergunta tão cara a nós na infância vai deixando de fazer parte das conversas com nossos conhecidos. Não costumamos perguntar àqueles que já tem 27 anos o que eles gostariam de ser quando crescessem, talvez por um motivo óbvio: eles já são crescidos.

Mesmo assim, penso que essa pergunta tão simples, talvez uma das primeiras que ouvimos, deve ser aquilo que nos faz repensar todo dia para onde estamos a ir. Por que penso isso? Porque estou convencido de que quando sabemos aquilo que queremos ser, direcionamos nossa vida para isso.

O mundo de hoje não é um mundo de perguntas sobre questões fulcrais. As pessoas não passam muito tempo pensando a respeito das motivações, dos sonhos, etc. Parar para pensar é, na verdade, deixar de fazer alguma coisa que poderia gerar algum retorno empírico, afinal, para que vou perguntar sobre o que quero ser se aquilo que talvez descubra não me dará dinheiro, fama, status, etc. A sociedade capitalista tem esse enfoque e não podemos negar. Vivemos em um mundo assim.

Contudo, perguntas fulcrais são as que tem o poder de direcionar nossas vidas. Recuperar a pergunta de nossa infância, com nossa cabeça atual, pode ser o grande motivador para sermos aquilo que queremos ser e para fazermos aquilo que queremos fazer.

Quando conseguimos responder a nós mesmos o que queremos, qual nosso sonho, o que faz nosso coração bater mais forte, aquilo pelo qual estamos dispostos a morrer, de alguma forma, nossa vida ganha algum sentido de existência. Fica mais fácil definirmos qual emprego aceitaremos, qual pessoa caminhará ao nosso lado, a quais programações iremos e as quais rejeitaremos, visto termos um olhar em algum lugar no horizonte no qual queremos chegar.

Assim, a pergunta de infância deixa de ser uma mera pergunta para crianças, tornando um direcionador de atitudes e escolhas.

Não digo com isso que tudo são flores. Afinal, escolher uma coisa implica, necessariamente, em deixar de escolher outra. Voltando ao exemplo de ser motorista de ônibus de segunda a sexta e jogador de basquete aos sábados e domingos, fica claro que não conseguiremos dedicar da mesma forma às duas coisas. Ou seremos exímios motoristas, sendo péssimos jogadores por falta de treino, ou seremos dignos das quadras do mundo e funcionários despedidos no próximo mês por faltarmos para treinar.

Talvez seja esse nosso grande drama: o de querer ser tudo, fazer tudo, conseguir tudo, sendo para nós um grande choque quando percebemos que isso não é possível. Sempre uma escolha precisa ser feita.

Dessa forma, meu convite é que refaçamos a nós mesmos a pergunta que nos faziam quando éramos crianças: “o que quero ser quando crescer?”. Com um pouco mais de profundidade, essa pergunta poderia ser formulada da seguinte forma: “pelo que estou disposto a morrer hoje?”

Talvez assim descobriremos para onde queremos ir, tendo coragem para seguir para aquilo que almejamos, escolhendo aqueles que queremos ao nosso lado na longa caminhada até chegarmos lá e dispostos a enfrentar os ônus e bônus de nossas escolhas.

Fabrício Veliq
23.10.13 – 06:57

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