algo sobre as querenças

algo sobre as querenças

Sabe, acredito ser uma idiossincrasia da humanidade aquele querer o que não se tem. 
É muito comum vermos as pessoas que não tem dinheiro querendo ter mais dinheiro, as que tem muito dinheiro, desejando poder uma vida tranquila e sem preocupações em como manter o dinheiro que tem, as que tem cabelos lisos querendo ter cabelos que se encaracolassem, bem como as de cabelo encaracolados fazendo de tudo para se ter o cabelo liso, os de olhos castanhos querendo olhos azuis, os azuis querendo verde, os verde querendo os castanhos e a lista segue indefinidamente. 
Sempre encontraremos alguém que não está satisfeito com aquilo que tem, querendo ter outra coisa.
Tenho para mim que o querer o que não se tem é sempre um caminho perigoso. Desafiador, mas perigoso. 
Digo desafiador, porque aquilo que não temos nos instiga a correr atrás, a buscar, a arrumar meios para conseguir o que queremos. Digo perigoso, porque a ânsia de se querer sempre mais pode ser destrutiva.
 Se queremos sempre mais do que temos, a consequência lógica disso é que sempre estaremos insatisfeito com o que alcançamos até então. Assim, não há limite, não há onde parar, não há onde chegar. Quão triste deve ser uma vida que não sabe onde quer chegar? Aquela vida que vive somente buscando alguma coisa que ainda não se tem. (Lembro que escrevi um texto aqui no blog que passa por isso. Caso queiram ler, ou reler, cliquem aqui).
Voltando ao texto
Não digo com isso que não devemos correr atrás das coisas que queremos e sonhamos. Claro que devemos. É até motivador para a vida que tenhamos projetos, sonhos a serem alcançados e lutemos para alcançá-los. Contudo, vejo que o problema está quando nunca estamos satisfeitos com aquilo que temos. 
Fazendo isso, corre-se o risco de tudo não ser o bastante, visto que sempre faltará alguma coisa, sempre poderá ter um negocinho a mais, um “plus” que não sei o que que é, mas que é aquilo que tá faltando para me sentir completo. Chegando essa coisa, com certeza faltará mais alguma que é um outro “plus” que o anterior não tinha, seguindo nisso infinitamente. 
Corre-se o grande risco de, por correr atrás das coisas que achamos que nos fará felizes, esqueçamos de sermos felizes, vivendo cada dia como único, deixando bastar a cada dia o seu próprio mal.
Assim, na busca da riqueza nos tornaríamos pobres, na busca do amor perfeito nos tornaríamos solitários, na busca do emprego perfeito seríamos sempre o pior funcionário, na busca do curso perfeito perderíamos nossa diversão, na busca da felicidade nos tornaríamos os mais infelizes do mundo.
Penso que Sêneca estava certo ao dizer que “pobre não é aquele que pouco tem, mas aquele que muito deseja”.
Fabrício Veliq
13.11.13 – 07:03

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