Aprovados diante de Deus e diante dos homens

Aprovados diante de Deus e diante dos homens

Essa é uma pregação que pediram para que eu fizesse sobre o tema: “aprovados diante de Deus e dos homens”. Há muito tempo… Compartilho com vocês…

Aprovação – Ato de aprovar, consentimento, sancionar (confirmar), concordar, dar por habilitado (em exame).
Ser aprovado diante de Deus é andar como Deus quer que andemos. A aprovação da parte de Cristo vem à medida que andamos com ele.
Em Cristo, como em uma escola, há etapas a serem seguidas para conseguir aprovação final. Ou seja, a aprovação em Cristo é um processo. Não somos aprovados de uma vez. Somos aprovados dia a dia.
Para sermos aprovados, temos que saber qual será o critério de avaliação. Nesse caso, o que Deus quer de nós que nos fará aprovados ou desaprovados?
De acordo com a Bíblia, temos que o mandamento de Deus é:
  • Amar a Deus sobre todas as coisas, com toda a sua força (a), nosso entendimento (b) e de toda a nossa alma (c) e ao próximo como a nós mesmos.

  1. Com toda força entendo que é a nossa disposição no servir a Deus. Estarmos sempre dispostos a fazer o que Ele nos pede. Para se ter disposição é necessário ter uma alimentação saudável, um bom descanso e fazer as coisas na medida certa. Saber alimentar é bom, ou seja, é bom que selecionemos o que vamos comer se quisermos ficar saudáveis. Assim como o é na vida natural, devemos ser na nossa vida espiritual. Muitas vezes como crentes que somos, não cuidamos da nossa alimentação. Às vezes comemos demais algumas coisas e de menos outras. Para uma vida saudável é necessário o balanceamento dos alimentos. (Na Bíblia existem os leites espirituais bem como a carne. Muitas vezes não temos capacidade ainda de comermos carne e insitimos nisso o que prejudica nosso organismo. Temos que, assim como recém nascidos, ir digerindo coisas mais pesadas aos poucos. Não adianta, com 5 anos de idade queremos comer um churrasco) O descanso – Algo muito difícil de ser aceito no meio evangélico. O ativismo cristão do ter que fazer tem tomado conta das igrejas e essas não tem tirado tempo para o descanso. Saber a hora de parar é essencial para poder continuar. Jesus se retirou para ficar a sós com os discípulos. O descanso é algo importante na vida do cristão e extremamente necessário para que amemos a Deus com toda a nossa força.

Não devemos confundir descanso com preguiça. Muitos crentes acabam se negando o descanso pelo medo de ser enquadrado por Deus na preguiça. Deus quer que trabalhemos para ele, mas também quer nosso descanso.
Preguiça – tendência viciosa para não trabalhar o que é totalmente ao descanso

  1. Com todo o entendimento – Deus nos fez mentes pensantes. Para podermos pensar sobre o que Ele nos diz e sobre o que nos aparece. Pensar o mundo e no mundo, em como transformá-lo, pensar na igreja, em como fazer diferença no mundo também é amar a Deus. Devemos usar nossa inteligência a serviço do Reino. O nosso conhecimento é para glorificar a Deus e pensar sobre tudo é amar a Deus com todo o nosso entendimento. Esse entendimento não é só o secular, mas também o conhecimento da palavra, o saber defender a razão da fé que há em nós. Isso também é amar a Deus; quando reconhecemos que ele é a fonte de todo conhecimento e sabedoria, não buscaremos o conhecimento para nosso orgulho ou status, mas simplesmente deixaremos que Ele flua em nós com todo o conhecimento e sabedoria que lhe são próprios. No que depender de nós, estudemos e conheçamos cada vez mais para que o Pai seja honrado.

Cabe ressaltar dois extremos: os que consideram seu saber secular em conhecimento de Deus e os que consideram que o conhecimento secular não vem de Deus, tanto lugar a uma ignorância, e ao zelo por Deus sem entendimento.
  1. Com toda alma – Penso na alma como local onde abriga nossas emoções, ou seja, o lugar dos conflitos, das inconstâncias, dos medos, das alegrias, etc. Amar a Deus com toda a nossa alma é amar independente do que sentimos. Amar é uma escolha e decidir voltar os nossos sentimentos a Deus é uma atitude de amor para com Deus, pois fazendo isso, nos lançamos nos braços do Pai, reconhecendo que Nele reside nossa alma. (Ele é o verdadeiro amor que lança fora todo o medo, em quem não há inconstância mesmo quando em nós há a inconstância permanente).

Quando servimos a Deus dessa forma, entendendo o que Ele quer de nós e não simplesmente por ser um mandamento do Pai, somos aprovados por Deus por fazer o que Ele quer que façamos. Deus deseja nossa atitude de amor e não simplesmente uma obediência sem entendimento.
Quando vivemos dessa forma diante de Deus, isso reflete em nosso viver no mundo. O pedido de Deus em Mq 6:8 de amar a misericórdia (d), praticar a justiça (e) e andar humildemente (f) diante de Deus é praticado por nós, pois vivemos Nele. A misericórdia e a justiça devem ser praticadas por nós que entendemos o que Deus quer de nós no mundo.
(d) Ter misericórdia é ter compaixão, é ser empático sofrer com os outros como se fôssemos nós que estivéssemos no lugar do outro. Quando falamos que a misericórdia de Deus é a causa de não sermos consumidos, na verdade dizemos: “Pelo fato de Cristo ter sofrido no meu lugar, Deus não me consumiu na sua ira”. Assim como na parábola do servo que teve sua dívida perdoada, devemos agir assim com os do mundo. Perdoando a quem nos ofende e a quem nos deve.
(e) Praticar a justiça é ser embaixador da justiça divina na Terra. É não aceitar a injustiça contra o próximo, é zelar pelo bom uso do dinheiro público, denunciar os abusos, sejam eles pastorais governamentais, familiares. O conhecimento e a vivência do Reino de Deus devem causar em nós essa sede de justiça falada no sermão do monte.
(f) Andar humildemente diante de Deus é reconhecer que é Nele, por Ele e para Ele que fazemos todas as coisas. Reconhecer que Ele é soberano, que não há nada que possamos fazer para nos tornarmos merecedores do Seu amor por nós.
Mas a palavra fala sobre a aprovação dos homens. Em Romanos vemos que “o Reino de Deus não é comida, nem bebida, mas alegria, paz e justiça no Espírito Santo. Quem nisso serve a Cristo é agradável a Deus e aceito aos homens”.
Acho interessante que sejam a justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo a nos fazer viver de modo agradável a Deus e aos homens. Sabemos que há diversas formas de justiça, diversas alegrias e tipos de paz. Porém, ao contrário do mundo, a justiça requerida por Deus, a alegria no Espírito Santo e a paz não são passageiras, mas algo que permanece independente das situações. A consciência de que Ele nos ama é o que sustenta nossa alegria apesar das adversidades. Não que a tristeza não venha mais, mas, quando vem, nos faz refletir, nos torna pessoas melhores, se aprendemos a lidar com ela. A paz no Espírito não é algo passageiro, mas, como o próprio Deus, permanente. Paz que jamais mudará, pois vem de Deus que não muda. Busquemos viver nesses princípios. Isso é ser agradável a Deus e aos homens de acordo com o Reino de Deus.
Mas e quando somos aprovados diante dos homens e não diante de Deus?
Sabemos que se seguirmos a Deus da forma certa, somos aprovados por Ele e (nem sempre) pelos homens (Rm 14:7 e 8).
O problema é que, na maioria das vezes, buscamos a aprovação dos homens. Sempre queremos ser justos aos olhos deles, termos cara de santos, sermos reconhecidos de longe como agentes do evangelho. Temos nossos jargões, nossas falsas atitudes de amor, nossos cumprimentos. Vestimo-nos de falsos crentes nos nossos templos, condenamos o pecado alheio esquecendo os nossos, para sermos aprovados pelos nossos irmãos.
O medo da autenticidade e o pensamento de “o que vão pensar de mim?” toma conta de grande parte das pessoas. Infelizmente temos vivido em igrejas que buscam aceitações e para isso abrem concessões, sacrificam o choro, a indignação, a raiva, a alegria e a ingenuidade de uma criança que é o fator imprescindível para entender o Reino de Deus. Somos coagidos a ser super crentes e viver um evangelho de regras, muito longe daquilo que Deus quer de nós. Agradamos a homens em nossos cultos e estamos longe de Deus nos nossos templos.
Há os que tentam ser aprovados pelo mundo e pela igreja ao mesmo tempo. São os duas caras de plantão. Junto ao mundo são mundanos para ganhar os do mundo, mas sem demonstração de diferença, junto à igreja, são super crentes ativos e exemplares diante dos irmãos. Mais uma vez, condenados pela falta de autenticidade. Deus deseja que sejamos autênticos (Ap 2).
Não devemos buscar sermos aprovados pelos homens. Sejamos aprovados por Deus e como conseqüência o seremos pelos homens.
De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”, ou seja, “recebeu a aprovação de todos no externo, mas as intenções não foram aprovadas por Deus”.
Não construamos o muro no lugar errado. Não vivamos no ativismo evangélico. Isso é muito diferente do Reino de Deus.
Ame a Deus e faça o que você quiser” – Santo Agostinho
Essa é a graça de Deus: Custa tudo para quem dá e nada para quem recebe.
A simplicidade é a beleza da verdade” SUBRAHMANYAN CHANDRASEKHAR

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