e o semeador saiu a semear…

e o semeador saiu a semear…

É interessante como surgem novidades ao respondermos perguntas.
Dessa vez fui perguntado sobre a parábola do semeador que encontra em Mateus 13.
Lá Jesus fala sobre quatro tipos de solos onde as sementes caem: a beira do caminho, o solo com pedregulhos, o solo que tem espinhos e o bom solo. Todos esses solos tem características interessantes bem como as sementes que caem neles que mesmo vindo todas do mesmo semeador, algumas frutificam e outras não.
Nessa parábola a semente representa a palavra de Deus, os solos são as vidas das pessoas e o semeador é quem semeia (lógico né…).
Sendo assim, gosto de pensar que a beira do caminho é aquele onde ninguém comumente anda. Até lá, de alguma forma, a semente da palavra chegou. A palavra chegou a esse solo a quem ninguém quer ir. No entanto, ao ouvirem a palavra, eles não entendem. E o fato de não entenderem é o que acarreta o resto. Mas por que não entendem? Há a máxima de que só há aprendizado quando o outro aprende (pedagoga que recebe isso, corrija se estiver errado…). E para haver entendimento tem que haver explicação. Esse é um grande problema que podemos transpor para hoje.
Muitas vezes, a palavra chega aos que estão à beira do caminho, porém eles não entendem e não entendem pois não há quem explique. De quem é a culpa do não entendimento?
Acredito que a culpa é do evangelismo irresponsável que a igreja tem feito ultimamente. Simplesmente se prega a palavra ( vamos considerar que esses realmente pregam Jesus o que infelizmente percebemos que isso não acontece, antes o que tem sido pregado é um evangelho superficial muito diferente do pregado e vivido por Jesus), mas não faz com que essa palavra seja entendida. Daí a importância do discipulado, do andar junto, pois o entendimento da palavra vem também pelo viver dessa palavra. Uma vez não entendida, a conseqüência lógica é não florescer. E se está à beira do caminho, está a vista de todos. Nada mais óbvio de que a aves venham e comam essa semente. Em termos evangeliqueses, vem o maligno com suas artimanhas e simplesmente destrói essa semente dentro daquele que a recebeu.
O segundo tipo de solo é o tipo com pedregulhos onde a semente cai. Esse solo não permite que crie raiz em si mesmo. A palavra chega, é recebida com alegria, há o entusiasmo com a nova condição de vida, mas essa pessoa não tem raiz em si mesma. Um grande problema. Percebemos que muitas pessoas não tem raizes em si mesmas e gosto de pensar de duas formas nisso:

1 – não ter raiz em si mesma é não cumprir o que Sócrates leu no oráculo de Delfos (bom ter gente na família que estuda essas coisas): Conhece-te a ti mesmo. Quem não conhece a si mesmo, é suscetível de ir para qualquer lado. Percebemos muito mais isso nos dias de hoje. Inúmeras pessoas que não se conhecem e por não se conhecerem não sabem para que lado devem ir ou de que lado devem ficar. E ainda percebemos uma igreja que legitima esse não conhecimento levando tudo para o nível de transcendência onde somente Deus que ensina e trará o crescimento para a pessoa. O que isso gera? vários velhos em idade cristã, mas com a síndrome de Peter Pan. Velhos que não crescem e agem como crianças.

2 – a importância que Jesus dá ao psicológico da pessoa. É necessário que a pessoa tenha raiz em si mesma. Esteja firme e consciente de quem se é. Se ela não tem raiz em si mesma, tem raiz em outro lugar. E que lugar é esse? São os pedregulhos. E em pedregulhos há pouco espaço para desenvolver raízes visto serem rasos. Por isso que o sol queima e ela morre, pois não tem raízes profundas em si mesmo. Legal perceber que não fala aqui de raiz profunda no conhecimento bíblico ou no conhecimento de Jesus e do evangelho, uma vez que a palavra acabou de chegar, antes não há raiz nela mesma. Mais uma vez surge a necessidade do discipulado e do acompanhamento pastoral, para que os que não tem raízes em si mesmo passem a ter e assim o sol não as queime.
Os que caíram entre os espinhos são aqueles que recebem a palavra, mas as riquezas e os cuidados do mundo a sufocam e ela se torna infrutífera. Jesus não fala que ela morre, ou que não cria raiz como as anteriores, antes ela fica infrutífera. Ou seja, os espinhos a fazem ficar infrutífera. Para frutificar é necessário somente retirar os espinhos. Acredito que aí novamente entra a figura do zelador atento que percebe os espinhos nessas árvores e vai até ela para tirá-los.
Finalmente há os que caem em bom solo. Esses são aqueles que ouvem, compreendem e frutificam. A boa terra é aquela que não é pedregulho e tem profundidade em si mesma. São os corações receptivos à palavra do criador.
É interessante que o trabalho do reino é um trabalho conjunto. Entre o semeador e o solo que recebe a palavra.
A palavra do reino sempre foi a mesma e nunca mudou. O que infelizmente percebemos hoje são os semeadores que não são atentos às sementes lançadas.
Semear sem cuidar para que cresça e frutifique é plantar de forma irresponsável. E quem sofre com isso são os diversos solos, que ao não darem condições da semente florescer são dispensados e ditos como solos ruins…

Se plantar alguma coisa, cuide dessa coisa. O crescimento vem de Deus, mas o cuidado deve ser de quem plantou. Isso é mordomia, princípio do Reino.

Fabrício Veliq
14.07.09 – 14:45

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