Pai Nosso

Pai Nosso

Hoje tive que responder um questionário sobre o sermão do monte. Dentre as perguntas, estava uma que perguntava qual o ensinamento que o Pai nosso nos trazia. Ao responder, fiquei com vontade de publicar mais coisas referentes a isso no blog. Confesso que é a primeira vez que analiso a oração do Pai Nosso dessa forma.

Pai nosso:

é pai de muitos e não só meu. Muitas vezes queremos um Deus só para nós.Percebemos isso em nossas canções de igreja, nas nossas orações e tudo o mais.

Esquecemos que a oração mais importante da fé cristã se incia com isso. Um pai que é nosso. Que se interessa por todos porque é pai de todos. Ele não se interessa somente pelos cristãos, se interessa pelos que não são também. Não é pai somente do rico, mas do pobre também. Infelizmente pensamos que Deus se importa somente conosco e que somos os filhos preferidos de Deus por estarmos conscientes de um estado de salvação. Não é isso que mostra o início da oração.

Reconhecer que o pai é nosso é reconhecer que ele é acessível a todos. Todos podem chegar-se a ele e ele pode se achegar a todos porque ele é pai e o pai tem acesso ao filho.

que estás nos céus: é maior do que eu. Reconhecer que o pai é maior do eu é reconhecer que está acima de mim, que sabe mais do que eu, que pensa pensamentos superiores aos meus, mas mesmo assim é meu pai e quer me fazer compreender e aceitar o que faz. Mas sempre faz isso como pai que ama ao filho

Santificado seja o teu nome: fiquei pensando nisso. como que o nome de Deus pode ser santificado se ele já é santo. Entendo que Deus é santificado no mundo pela minha atitude no mundo. E reconhecer a santidade do nome de Deus é agir de forma a legitimar essa santidade. Como filho que honra o nome do pai pelas atitudes que se toma em sua cidade (no interior isso é mais percebido do que em cidades grandes), assim também em nossas atitudes santificamos o nome do Pai nosso que está nos céus

Venha a nós o teu reino e seja feita a sua vontade assim na terra como no céu: Vir a nós o reino de Deus é uma das questões que acho mais interessantes na bíblia. Entendo que o reino de Deus é um reino para o mundo e não fora dele. Geralmente quando se prega o reino de Deus, prega-se somente no transcendente. A pregação do reino geralmente remete a uma eternidade a ser alcançada somente no céu. No entanto, Jesus pediu para que o reino viesse para a terra. O reino de Deus é um lugar onde Deus reina. Onde há paz, amor, justiça, misericórdia e tudo o que é bom, pois Deus é bom. Dessa forma, nós que somos os responsáveis por trazer o reino de Deus ao mundo para que nele seja feita a vontade do Pai na terra como é feita no céu.

O pão nosso de cada dia dai-nos hoje: ele sabe nossas necessidades. Ele sabe nossas necessidades pois é pai. O pai sabe a necessidade do filho antes que ele lhe fale. E ele dá a todos porque é pai. A oração também é para que o pão seja dado a todos e não somente a mim. Acredito que o motivo de ser: “nos dai hoje” e não: “nos dai sempre” é porque o amanhã não nos pertence. Mais a frente ele falará para não ficarmos ansiosos por coisa nenhuma, pois o Pai sabe que precisa dessas coisas. A vida com Deus é diária, assim o alimento que vem de Deus também é diário.

Perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos aos que nos tem ofendido: ao orarmos isso, na verdade assumimos que somos cientes de que o perdão de Deus sobre nós tem que ser da mesma forma do nosso perdão ao próximo. Não acredito que seja fácil , mas deveríamos ter a atitude de que se as coisas estão acertadas com Deus, tem que estar acertadas comigo também. Por que? Porque sou filho. O filho imita o pai. Se o pai fez também vou fazer, pois o pai, que é bom, só faz o bem, então também devo fazer somente o bem.

Não nos deixe cair em tentação: reconhecemos que é pela graça dele que temos a capacidade de escolher não cair em tentação. Por que coloco escolher? Porque a graça de Deus já nos dá força para tomarmos as decisões corretas. Nosso trabalho é escolher o que vamos fazer. Não tem como pedirmos mais graça, pois “Cristo não vem em retalhos” (Ariovaldo Ramos): Toda a graça já foi nos dada, todo amor já foi nos dado, basta escolhermos tomar as decisões corretas.

mas livra-nos do mal: ele é poderoso para me livrar do mal. Ele é o sumo bem, nele não há espaço para o mal. Se estamos com ele, ele nos livrará do mal. Libertação do mal também é para todos, não somente para mim. Dessa forma, somos também responsáveis de levar a mensagem de que há um Deus que nos livra do mal.

Porque teu é o reino, o poder e a glória para todo sempre – ele é capaz de fazer tudo isso que temos pedido porque é tudo Dele, para Ele e por Ele. Teu é o reino: ele reina sobre tudo e sobre todos, o poder: pode todas as coisas. Nada é impossível para Deus de acordo com sua essência. E a glória: ele é digno, para todo sempre: ele é eterno. Não tem começo e não tem fim. Vive no sempre presente. Para ele tudo é e sempre é.

amém – ouvir certa vez de um pastor judeu messiânico que amém é um acróstico que quer dizer: o Senhor é fiel para cumprir a sua palavra. Gostei dessa definição. Se pensarmos assim, a oração do Pai Nosso revela um ato duplo de fé. A primeira em orar a Deus visto que em Hebreus temos que para chegar a Deus é necessário crer que ele exista (Hb. 11-6), a segunda em terminar com a declaração de que esse Deus cumpre a sua palavra.

Isso revela que não sabemos orar como convém, por isso o Espírito intercede por nós com gemidos inexpremíveis (Rm. 8:26). Nisso tudo, revela-se a graça de Deus revelada em Jesus para a salvação de todo aquele que crer.

Isso é mais uma manifestação da multiforme graça de Deus.

Fabrício Veliq

27.02.09 – 23:37

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