Por que das poesias?

Por que das poesias?


Pensei em escrever uma poesia, sem saber sobre o que, sem saber o porquê. Talvez simplesmente para me eternizar em mais um texto, talvez só para ouvir alguém dizer algo sobre ele. Poesias são as vozes da alma quando não se tem palavras para descrever o que se sente.
Algumas vozes são gemidos, outras são alegrias, mas todas são manifestação do indizível da alma que só conseguimos expressar parte em versos.
Admira-me os bons poetas. Esses que conseguem colocar em papel aquilo que sua alma sente. Escrever traz alívio, traz o refrigério para a alma que está cansada. Quem escreve se eterniza, quem simplesmente fala é esquecido no tempo. O poder do texto é esse de trazer a oportunidade de se rever no decorrer do tempo.
Se avalio um texto hoje que escrevi há muito tempo, há coisas que não mudaram, há outras que tem mudado e outras que com certeza mudarão da próxima vez que relê-lo.
Há os textos que curam, que desmascaram, que traz um velho eu à tona, ora motivando a mudá-lo, ora motivando a reavê-lo. Nunca pisamos o mesmo rio duas vezes, já dizia Heráclito, assim também somos nós. Nunca somos os mesmos que éramos ontem, por um motivo simples: somos rios que passam pelos caminhos da vida. Há rios que trazem coisas boas e rios que trazem coisas más e sempre podemos escolher que rio seremos nesse mundo.
Como são felizes os rios poetas, esses que transpõe a barreira da alma de reter em si o que ninguém quer ouvir. A esses pertence a alegria de serem livres mesmo estando presos. Como rio que passa entre trincheiras trazendo vida e refrigério às árvores em volta.
Grande amigo é o papel, que entende o que quer que se coloque nele. Não nos faz perguntas sobre as coerências das frases, sobre os pressupostos das indagações, sobre os erros de concordância, sobre as gotas de choro que caem nele. Simplesmente entende o que nele está. Talvez devêssemos ser mais papéis nas vidas das pessoas. Muitas vezes as pessoas só precisam de um pedaço de papel.
Felizes os que deixam de ser os fortes para se tornarem papel. Papel que entende, que aceita, que guarda o que o outro sente. Acredito ser essa uma boa paráfrase para sermos simples como as pombas…

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